Em outros dias me vejo tão poluída que os meus poros entupidos me deixam sem ar e me fazem desejar, aos berros, estar ao seu lado, no seu colo, mas não é possível. Habitar o mesmo espaço que o seu seria fugir dos labirintos da existência e o que é isso se não outra forma de morrer em vida? A vida é frágil, meu velho, mas a fuga não é a solução; faz parte, mas não pode ser o fim! Eu vejo que temos tanta pressa que os ensinamentos das situações que nos abraçam estão ficando no meio do caminho; perdidos, líquidos, irrisórios. E vamos nos achando fortes e felizes por não mais nos afetarmos com a vida (e tudo que faz parte dela). Não quero que você faça parte dessa superficialidade, por isso, te digo, que podes ir em paz.
Não vou te dizer para não ter medo, porque o medo faz parte também. A insegurança também. A vida, tão frágil e profunda ao mesmo tempo, não tem cura, meu velho. Nunca existirá uma cura para algo que troca de roupa a cada momento. A vida inflama. A vida contrai. A vida tem movimento. O vazio sempre existirá. Problemas também. Erros? sempre! O que nos ajuda a não enjoar do movimento infinito dessa maré é a nossa atitude diante das ondas que dá vida a própria vida, ela se retroalimenta, vê isso? E isso é belo, mesmo sendo assustador. A vida não tem cura, tem cor. Seja ela qual for.
Enfim, meu velho, eu só quero que você siga; só quero que você nos deixe viver nossos próprios monstros. Você já nos deu muita vida. Você nos deu a sua própria vida e eu te amo por isso e por tudo. Sou eternamente grata pela tua luz que até hoje me ilumina. Amém.
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